Queijo de Ovelha Sapata e Alvarinho – será que harmonizam bem?
Dentre os queijos amanteigados, há-os de pasta mais mole, alguns mesmo que apesar da temperatura ambiente não ser alta, como no actual Inverno, se esparramam ao mínimo corte. Não foi o caso do Sapata amanteigado de Ovelha, cuja pasta é semi-mole, untuosa, contendo até algum ar, o que lhe confere uma certa porosidade, com uma bonita textura no seu interior, como a imagem o demonstra. Embora parecesse ao toque externo de pasta mais mole, foi ao abri-lo por cima que verifiquei o que atrás referi.
Apesar disso, foi possível barrá-lo, sendo um queijo cremoso, mas com alguma solidez na pasta.
O sabor é suave e o tom é amarelo claro, característico do queijo de leite de ovelha cru com pouca cura (embora com um mínimo de 30 dias).
Costumo acompanhar este tipo de queijos com brancos, e tinha curiosidade em ver a ligação dele com o Alvarinho da Casa de Cello, de 2018.
Este Alvarinho está bastante bem feito, com notas minerais, citrinas e por vezes no palato com alguma fruta de caroço, nomeadamente pêssego, alguma manga verde. Elegante, notando-se a acidez, embora equilibrada, e com final persistente.
Embora me tenha agradado a ligação entre ambos, creio que o Alvarinho aguentaria queijos de ovelha mais intensos e gordos, pois tem acidez para tal. Numa próxima, experimentarei com este Sapata de Ovelha um vinho branco talvez do Alentejo, com perfil totalmente diferente, com madeira, para ver até que ponto a ligação não será porventura melhor. Foi no geral uma experiência enriquecedora, pois cada queijo tem a sua intensidade, pese embora a origem do leite possa ser a mesma. E só agora que termino este artigo me apercebo de que o queijo é do Alto Alentejo…T erá sido por isso que o vinho alentejano que pretendo posteriormente provar com ele me veio à memória?